quarta-feira, outubro 17, 2007

Quem tem medo de Rui Costa?

Por José Manuel Delgado

DE três em três anos o Benfica vai a votos e escolhe um presidente. É uma prática democrática, enraizada na história de um clube nascido do povo, que muito enobrece o emblema da águia. Assim, seja quem for, quando for, o sucessor de Luís Filipe Vieira, uma coisa é certa: a transmissão do poder será feita por via eleitoral, respeitando a vontade soberana dos sócios. É por tudo isto que se torna difícil perceber a histeria em torno do nome de Rui Costa, lançado por Luís Filipe Vieira, como potencial candidato ao cadeirão da Luz. Se estivesse algum golpe palaciano em preparação, que visasse iludir as expectativas democráticas do clube, ainda se poderia perceber tamanha inquietação. Mas não. Aquilo que, para já, foi colocado na agenda mediática pelo presidente do Benfica foi uma vontade inequívoca de ver o projecto em curso ter continuidade, sugerindo como boa a hipótese de Rui Costa, cumpridas algumas etapas intermédias, assumir os destinos do clube.

Visto que Rui Costa nunca será presidente do Benfica por outra via que não seja a legitimação eleitoral; visto também que o maestro, para já naturalmente pouco expansivo sobre estas matérias, vê com agrado a ocupação de funções na direcção desportiva do Benfica já a partir de 2008/09; visto ainda que Luís Filipe Vieira poderá realizar mais um ou dois mandatos; porquê tanta irritação quando o líder encarnado, em nome da continuidade e da solidez de um processo que tirou o Benfica das agruras da bancarrota, apadrinha uma candidatura que entende ser credível e aglutinadora?

Poder-se-á encontrar resposta para estas questões em dois tipos de razões.

A primeira tem a ver com agendas próprias, de putativos candidatos, que ficaram desasadas pela entrada em cena de Rui Costa, um nome que colhe imensa aceitação na casa encarnada.

A segunda, mais perversa, passa essencialmente por saber quem estará ao leme do Benfica em 2012, quando os direitos televisivos do clube forem negociados. A parada é alta e Rui Costa baralhou as contas a muita gente.

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