domingo, março 02, 2008

O interno rival

SINCERAMENTE, tenho dificuldade em compreender a agitação a propósito do jogo desta noite. É certo que todos os jogos do Benfica têm interesse mas, que diabo, vamos jogar contra o quinto classificado. O oitavo já é meio da tabela. Digamos que não se trata propriamente de uma final. Também sei que o jogo é complicado, porque estas equipas que lutam pela Europa estão sempre muito motivadas, com vontade de fazer um brilharete frente aos grandes. Mas fazer manchete com um jogo destes parece-me bastante exagerado.

Concedo que, em certos sectores, o desafio desta noite seja aguardado com enorme emoção. Por exemplo, tenho a certeza de que o Bruno Pereirinha e os outros jovens do Sporting mal podem esperar pela hora do jogo, para que finalmente tenham a oportunidade de pedir um autógrafo ao Rui Costa, e pedir-lhe a camisola. Nesse aspecto, vai ser bonito. Eu gosto de ver a alegria estampada no rosto da criançada.

Por outro lado, não quero dizer com isto que o jogo são favas contadas. Há que ter certos cuidados. Os jogadores do Benfica devem evitar a todo o custo acertar na cabeça do Purovic. Uma parte importante dos golos do Sporting nasce assim. Atenção às carambolas, portanto.

Outro aspecto defensivo importante a ter em conta é este: o Liedson não joga. Mas então, pergunta o leitor arguto, em que medida é que esse aspecto é importante? Porque, mesmo não jogando, o Liedson continua a ser o jogador mais perigoso do Sporting. É mais provável o Liedson marcar um golo na bancada do que o Tiuí na pequena área. Pelo sim, pelo não, mandem o Luisão sentar-se ao pé do levezinho. Olho nele.

Em termos ofensivos, a estratégia também é clara. Nunca tentar colocar a bola. O melhor é rematar na direcção do Rui Patrício e esperar que ele a ponha lá dentro.

Quanto ao ambiente, não vai ser tão mau como parece à primeira vista: os azulejos só se vêem da parte de fora do estádio. No relvado, os jogadores do Benfica não terão problemas. Aquela mixórdia cromática só chateia à entrada e à saída.

Posto isto, o jogo de hoje não é tanto contra o eterno rival mas mais contra o interno rival. O nosso rival é interno — somos nós. Se o Benfica se deixar de tretas pode sair de Alvalade com um bom resultado. O terreno é tradicionalmente fácil para nós. O Rui Costa, da última vez que lá jogou, ganhou por 6-3. Hoje, mais maduro e melhor jogador, ficaria muito surpreendido se ele não conseguisse melhor.

RAP in A'Bola

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