Governo, FPF e CJ: cobardia?

por josé manuel delgado in ABola (para assinantes)

ABOLA publica hoje a informação enviada à UEFA pelo director jurídico da FPF, João Leal, sobre o trânsito em julgado da sentença da Comissão Disciplinar da Liga, que condenou o FC Porto por tentativa de corrupção nos jogos com o E. Amadora e Beira-Mar, em 2003/04. João Leal considera as decisões «finais e vinculativas», enfatizando que «o prazo de recurso já foi ultrapassado.» Depois, ouvido no Comité de Apelo da UEFA, Leal chegou ao cúmulo de afirmar que não conhecia os factos de que os dragões estavam acusados.

Dizem que este caso de corrupção é mau para a imagem do futebol português. É mentira. Mau é que haja corrupção e não existam meios de a combater. Mau é que quem detém o poder de tomar decisões vogue ao sabor do vento. Mau é que a FPF tenha feito a figura triste que fez em Nyon e da boca do seu presidente... nem uma palavra.

Péssimo é que o Governo - que delegou na FPF poderes próprios de um tribunal - se acobarde perante as forças em presença, aceite este comportamento terceiro-mundista e deixe que o nome de Portugal seja alvo de chacota por essa Europa fora. Sim, porque quando a FPF - com um Conselho de Justiça sem condições éticas para continuar em funções - mete os pés pelas mãos dando o dito por não dito, não deve estranhar que a olhem, lá fora e cá dentro, com... desprezo.

Do Governo, através do secretário de Estado do Desporto, esperava-se outra atitude, menos enfeudada, menos subserviente, mais de acordo com a imagem que o Primeiro-Ministro tem tentado passar de quem não tem medo das decisões. Porém, aquilo que se ouve é nada e aquilo que se vê nada é.