Por Ricardo Araújo Pereira ( in ABola para assinantes)
Estes são tempos difíceis para ser benfiquista. Já se sabia que éramos os maiores no futebol e no desporto em geral. Agora também somos os maiores na televisão. Confesso que não sei se aguento tanto prestígio. Custa-me ser sócio de um clube que é o maior em tantas áreas diferentes. Até tenho medo que me faça mal à saúde. Bater categoricamente o segundo classificado do campeonato italiano, apesar de tudo, é corriqueiro. Mas termos o melhor canal de televisão do mundo já é uma proeza invulgar, mesmo para nós.
Pessoalmente, só uso a televisão para ver dois tipos de programa: jogos do Benfica e programas de informação. Informação sobre o Benfica, bem entendido. Imaginem a minha alegria quando soube que o Benfica ia criar um canal cuja programação satisfaz todos os meus desejos de telespectador 24 horas por dia. Aliás, mesmo apesar de ainda não ter arrancado completamente, a Benfica TV já me enche as medidas. Gosto muito de chegar a casa, ligar a televisão no canal 30 e ficar a ver aquela espécie de mira técnica só com o emblema. Há sempre um pormenor que me escapou na última vez que a vi, uma expressão da águia que me diz algo de novo, um contorno do símbolo que subitamente se torna mais profundo e significativo. Não me admirava que a mira técnica do canal do Benfica tivesse mais audiência do que certos programas que não lembram ao diabo. Um tal Zé Carlos por exemplo.
Além de tudo o resto, o canal dá-nos sorte. 100% dos jogos transmitidos até agora resultaram em vitórias do Benfica. São, sem dúvida nenhuma, números impressionantes.
A Benfica TV é um sucesso tão avassalador que não ficaria surpreendido se os nossos rivais quisessem copiá-la. E, por muito que me custe admiti-lo, teriam material interessante para preencher a grelha. O Sporting poderia fazer uma emissão contínua dedicada ao adepto de sofá, apropriadamente intitulada "Só eu sei por que afinal fico em casa". Jogos transmitidos com o volume sonoro em baixo, para o sócio que não gosta de ver futebol ao som de assobios.
Ainda mais competitiva podia ser a Porto TV. Quando não houvesse jogos para transmitir, emitia-se um filme. Por exemplo, O Padrinho. O enredo é tão parecido com um jogo do Porto que alguns espectadores nem dariam pela diferença. Outra hipótese seria organizar uma espécie de Big Brother em casa de Pinto da Costa. Os espectadores votariam no árbitro que achassem que deveria sair da casa. Bastava os responsáveis do canal montarem as câmaras. A Judiciária tratava do som.
Mai nada...
Tu dá-lhes RAP.
Sem comentários:
Enviar um comentário