domingo, outubro 12, 2008

A chama imensa

Por Ricardo Araújo Pereira (in Abola para assinantes).

Enormes contra os grandes, medianos contra os pequenos.

NUNCA precisei de explicações na escola. Não por ser especialmente esperto: a matéria é que não era especialmente complexa. Física, química, matemática, línguas estrangeiras e mesmo a nossa, que nem sempre é fácil de dominar, nunca constituíram dificuldade para mim. Mas, por estes dias, sinto que preciso de explicações para compreender o futebol. Não há um Rui Santos, um João Rosado, ou um Freitas Lobo (se eu estiver munido de um dicionário) que me explique o que se passa com o Benfica? Por que razão uma equipa que esmaga sem apelo nem agravo o Nápoles e o Sporting tem dificuldade em bater o Paços de Ferreira e é incapaz de ganhar a equipas claramente frágeis como o Leixões, o Rio Ave ou o Porto? Somos, claramente, uma equipa talhada para os grandes jogos. Em derbies e jogos europeus deslumbramos. Depois, apanhamos um Leixões e parece que estamos a jogar para a Liga Intercalar.

Tendo em conta esta problemática, decidi propor um conjunto de medidas à direcção do Benfica, para que possamos ter melhores resultados nos jogos pequenos:

1Ir de avião para todos os jogos. Mesmo que seja contra o Estrela da Amadora, levantar voo, dar uma voltinha e aterrar, só para o plantel ficar com a sensação de que se trata de um jogo europeu. Depois, convencer os rapazes de que vão jogar contra o Estrela Vermelha.

2 Mudar os jogos do campeonato para o meio da semana. Fazer de todas as jornadas uma noite europeia.

3Arranjar árbitros estrangeiros para os jogos nacionais. Atenção: esta ideia é menina para resolver mais do que um problema.

Em três jogos de qualificação, a Selecção Nacional conseguiu quatro pontos. Perdeu em casa com a Dinamarca e empatou fora com a Suécia, o que parece indicar que a equipa que ficou em quarto lugar no último Campeonato do Mundo dificilmente conseguiria ficar em quarto lugar no Campeonato da Escandinávia.

No final do jogo de ontem, Carlos Queirós voltou a dizer que a Selecção vai praticar futebol bonito. Para já, realmente, o nosso futebol não é bonito. Mas tem outras qualidades interessantes. Ontem, por exemplo, jogámos futebol simpático. É o tipo de futebol que não obriga o guarda-redes adversário a fazer uma única defesa. Pode não ser futebol bonito, mas é futebol que permite que o guarda-redes adversário acabe o jogo com o equipamento todo bonito. Pode ser um primeiro passo.

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