domingo, janeiro 25, 2009

A chama imensa: Jesus não interessa nem ao menino Jesus.

Por Ricardo Araújo Pereira (in ABola)

HÁ duas semanas, o Braga perdeu um jogo com um golo do adversário em fora-de-jogo e ficou um penalty por marcar a favor dos bracarenses. Jorge Jesus disse que foi a maior roubalheira a que assistiu em 20 anos de carreira. Ontem, o Braga perdeu um jogo com um golo em fora-de-jogo do adversário e ficaram dois penalties por assinalar a favor dos bracarenses. Jorge Jesus disse que preferia comentar o jogo. A grande diferença entre os dois jogos, como o leitor já percebeu, é o adversário. Um tem três ou quatro jogadores emprestados ao Braga; o outro não tem nenhum. O respeitinho é muito bonito. Em Novembro, vários jornais adiantaram que Jorge Jesus poderia render Jesualdo no Porto; nenhum jornal noticiou (e, se Deus quiser, não há-de noticiar) que Jorge Jesus poderia render Quique Flores no Benfica. Talvez isso ajude a explicar que, em certas conferências de imprensa, Jesus diga o que quer e noutras dê a sensação de estar numa entrevista de emprego. O mercado de trabalho está difícil e não é boa ideia irritar os patrões, actuais ou futuros.

A propósito de futuro, alguém quer apostar que o Braga não vai apresentar queixa-crime contra o árbitro do jogo de ontem? Ninguém? Que azar. O dinheiro fácil de ganhar não quer nada comigo.

Escrevendo a propósito do Belenenses-Benfica, Jorge Coroado afirmou que ficaram por marcar duas grandes penalidades a favor do Benfica, uma sobre Yebda, outra sobre Suazo. Jorge Coroado é, como o leitor sabe, vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral do Belenenses. Estamos a falar de um homem que, mesmo pertencendo aos órgãos sociais do nosso adversário de sexta-feira, viu que ficaram por marcar dois penalties a favor do Benfica. O árbitro Elmano Santos, que não tem preferência clubística conhecida, conseguiu não ver nenhum. O futebol português chegou, então, a este ponto: um dirigente do Belenenses tem uma perspectiva mais isenta sobre o Belenenses-Benfica do que o árbitro do jogo. Isto será normal? Numa altura em que são muito discutidos os problemas da arbitragem, também gostava de fazer uma proposta: em vez de árbitros estrangeiros, eu peço que ponham um membro da Direcção do clube adversário a dirigir os jogos do Benfica. Oferece mais garantias de termos uma arbitragem justa do que os árbitros imparciais que a Liga nos manda.

Todos os benfiquistas conhecem a sensação. No final de um jogo que corre mal, uma pessoa pensa: «Pronto, lá vou ter de ouvir os sportinguistas e os portistas a dizerem mal da nossa equipa.» Hoje em dia, a vida está ainda mais difícil: além dos sportinguistas e dos portistas, ainda temos de ouvir o treinador do Benfica. Acho que preferia os velhos tempos: os lagartos e os tripeiros são mais meigos…

Mai nada, na muche!

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