Por Ricardo Araújo Pereira (in ABola)
Imagine o leitor que o presidente de determinado clube diz publicamente, sobre um jogador que acaba de ser contratado, que não tem qualidade – característica que, aliás, partilha com outro compatriota que joga no mesmo clube desde o ano anterior. Não haverá conferência de imprensa em que jogadores e presidente não sejam confrontados com essas declarações, não lhe parece? E se, para fugir à instabilidade que ele próprio causou, o presidente tentar vender imediatamente os jogadores em causa, o clube comprador não deixará de recordar ao vendedor que está a adquirir os direitos desportivos de jogadores sem qualidade, não acha? Eu acho. E era o que aconteceria se Bruno Carvalho tivesse sido eleito presidente. Depois de, com o sentido de responsabilidade que sempre o caracterizou, ter dito que Saviola e Aimar não tinham qualidade (na sua opinião, "se fossem bons, não vinham para o Benfica"), Bruno Carvalho teria de gerir um clube no qual dois dos principais activos, adquiridos por 11 milhões de euros, tivessem moral e valor reduzidos a nada. Pinto da Costa, se pudesse, não faria melhor.
Bruno Carvalho foi, que me lembre, o primeiro a exigir eleições antecipadas. Depois, foi também o primeiro a defender que a antecipação das eleições era uma batota. Estes factos, entre outros, talvez expliquem a razão pela qual Bruno Carvalho tenha tido menos de metade dos votos em branco. Bruno Carvalho tinha um site, uma lista, um projecto. Os votos em branco, não. Bruno Carvalho deu entrevistas, escreveu comunicados, fretou aviões. Os votos em branco, que eu saiba, não. Ainda assim, ou justamente por isso, os votos em branco conseguiram mais do dobro dos votos de Bruno Carvalho. Karl Marx disse que a História se repetia, primeiro como tragédia, depois como farsa. No Benfica, a História repete-se, primeiro como Guerra Madaleno, depois como Bruno Carvalho.
Naqueles 10 minutos em que foi jogador do Milan, Cissokho disse que era o homem mais feliz do Mundo. Agora que voltou ao Porto, percebe-se que desceu duas ou três posições no ranking de felicidade mundial. O pai de Bruno Alves já garantiu à Sky Sports que é altura de o filho sair do clube. Lucho já saiu para o colossal Marselha, que nos últimos 17 anos venceu – peço desculpa, deixem-me só fazer as contas – é isso: zero títulos. Um dos empresários que representa Lisandro López disse ao Jornal de Notícias que o jogador já assinou um pré-acordo para jogar quatro anos no Lyon. Entretanto, já foram indicados como estando a caminho do Porto os jogadores: Luís Garcia, Falcão, Buonanotte, Tiago, Duda, Diego Valeri e Javier Pastore, entre outros.
Se ao menos o Benfica conseguisse ter a estabilidade do Porto…
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