domingo, maio 31, 2009
A chama imensa: O que o Benfica venceu este ano
Os benfiquistas andam fartos do futuro. A culpa é, evidentemente, do próprio futuro: promete que vem, mas nunca mais chega. É desagradável. E o presente, infelizmente, não nos entusiasma. Que ganhou o Benfica este ano? Um triste troféu, e mais nada. Mas, pensando bem, talvez tenhamos ganho mais qualquer coisinha: ganhámos um Miguel Vítor, um Ruben Amorim, ganhámos um lateral-direito que não sabíamos que já lá estava, e ganhámos o regresso do Moreira à baliza e à Selecção. Sem o sabermos, pode ser que tenhamos começado a ganhar o futuro. Se, paralelamente, surgir uma vaga de árbitros alérgicos à cafeína, poderão estar reunidas as condições para se começar a ganhar qualquer coisa.
Como é costume, no último jogo do campeonato a equipa do Porto entrou em campo com o cabelo azul. Confesso que não sei que tipo de tinta usam os portistas para pintar a cabeça, mas é certamente uma tinta que não adere ao gel. O árbitro, Pedro Proença, apareceu com a cabeça na sua cor original. É pena que um dos homens que mais contribuiu para o tetra não tenha podido festejar devidamente.
Ao que parece, a CMVM acredita nas manchetes dos jornais desportivos. Haja alguém. No dia em que um jornal publicou mais uma notícia, nunca confirmada, da contratação de um novo treinador pelo Benfica, a CMVM suspendeu as acções do clube até o caso estar esclarecido. Se o Benfica pretende manter em segredo as suas opções no que diz respeito à equipa técnica, o melhor é dizer que o assunto é tabu. Os senhores da bolsa toleram tabus instituídos pelos clubes, mas não lhes perdoam notícias de jornal. A contratação de Ramires também já tinha sido motivo para um pedido de esclarecimento. Os organismos financeiros admitem que os clubes negoceiem defesas-centrais com clubes que não possuem o seu passe e que a transacção ocupe as páginas dos jornais durante semanas, com declarações do jogador, lamentos do clube que detém os seus direitos desportivos, e bitaites dos dirigentes do clube que os deteve em tempos mas já não detém. Mas são inflexíveis quanto a centrocampistas adquiridos ao seu legítimo proprietário. É preciso saber muito de finanças para compreender o futebol português.
A final da Liga dos Campeões foi ganha pela equipa que Pinto da Costa queria que ganhasse. Mais ou menos o que acontece cá, mas sem café. O presidente do Porto tinha justificado a preferência pelo Barcelona com as afinidades que os dois clubes teriam. Recordo que o Barcelona chegou à final depois de eliminar o Chelsea num jogo em que o árbitro perdoou cinco grandes penalidades à equipa catalã. Realmente, é o que se chama, na gíria, uma vitória à Porto.
sexta-feira, maio 29, 2009
quarta-feira, maio 27, 2009
Uma verdade inconveniente.
Mas antes que nos acusem de sermos tendenciosos… avancemos com objectividade. O que lhe passamos a apresentar é a lista de jogos em que o Benfica foi prejudicado ou beneficiado na Liga Sagres. Jogos em que existiu clara influência no resultado. Logo na primeira jornada, em Vila do Conde, o Benfica não foi além de um empate a uma bola. Mas poucos se lembram de uma grande penalidade cometida sobre Aimar em cima do minuto 90.
Uma semana depois, novo empate, desta feita frente ao Futebol Clube do Porto. Jorge Sousa esqueceu-se da uniformidade de critérios. Expulsou Katsouranis por faltas normais, mas deixou o amarelado Cristian Rodriguez em campo após sucessivas jogadas de extrema dureza.
Mas o Benfica estava forte no campeonato e só não atingiu a liderança porque no jogo grande da 5.ª jornada foi novamente prejudicado. Yebda até fez o 2-0 em Matosinhos, mas viu o golo ser-lhe mal anulado. Aproveitou o Leixões, que empatou ao cair do pano. Não foi à quinta, foi à sétima jornada que o Benfica confirmou a liderança.
No berço da nação, coube a Aimar e a Suazo brilharem na vitória por 2-1 sobre o Vitória de Guimarães. Mas poucos se lembrarão dos erros do senhor Carlos Xistra. Primeiro foi Aimar a ser derrubado na área vimaranense. E que dizer dos critérios disciplinares? É que se Reyes viu dois amarelos forçados, já Andrezinho teve via verde para pontapear a cara de Suazo.
Contra ventos e marés o Benfica liderava. Até que a injustiça chegou à Luz. Lembra-se de Vasco Santos? Trata-se do árbitro portuense que não expulsou Sandro após agressão a Reyes no Benfica-Vitória de Setúbal. Curioso o facto de nessa mesma jogada o árbitro só ter dado a lei da vantagem até o Benfica ter o descaramento de marcar. De repente as regras mudaram e eis que o Vitória de Setúbal ficou com o caminho aberto para chegar ao empate.
Pior ainda fez Pedro Henriques duas semanas depois. Quando no último minuto Cardozo apontou o golo da vitória, o juiz tratou de anular o remate certeiro do paraguaio. Razão? O facto de Miguel Vítor ter olhos na nuca. E assim o Nacional saiu da Luz com o nulo.
O ano de 2009 começou com uma derrota na Trofa. Muito se falou da má exibição “encarnada”. Ninguém duvida disso. Mas alguém ainda se lembra que Reguila inaugurou o marcador quando estava em fora-de-jogo? Pois… No entanto, à 14.ª jornada o mundo parou. O Benfica venceu um jogo fruto de um erro da arbitragem. Caiu o Carmo, caiu a Trindade. E tudo só porque David Luiz estava uns quantos centímetros em fora-de-jogo.
Nada que não fosse atenuado na semana seguinte. No dérbi do Restelo, Suazo foi atropelado por Baiano quando estava isolado. As leis da FIFA são claras: o lance era merecedor de falta e de cartão vermelho. Já se adivinha qual foi a opção de Elmano Santos. Acontece que o Benfica se mantinha na luta pelo título. E tinha a possibilidade de resgatar a liderança em pleno Dragão. O conjunto de Quique Flores foi superior e cedo se colocou em vantagem. O que ninguém esperava era que Pedro Proença descobrisse um sebastiânico toque de Yebda sobre Lisandro Lopez.
Tudo se decidiu nos dois jogos seguintes na Luz. Duas derrotas em que a arbitragem voltou a estar em evidência. Primeiro foi Marquinho a aproveitar o posicionamento em fora-de-jogo para dar os três pontos ao Vitória de Guimarães. Depois foi a Académica a vencer no estádio do Benfica. Um jogo ferido de morte pela inexplicável decisão de Marco Ferreira em anular um golo limpo a Aimar. O mesmo jogador que na primeira parte fora alvo de um injusto fora-de-jogo.
Na Madeira, nova derrota. Para a história fica o 3-1 aplicado pelo Nacional. Mas ainda fica na memória a mão de Cléber em plena área nacionalista. E assim Jorge Sousa deixou passar em claro a grande penalidade que daria o 2-2 a um Benfica em crescendo. Até mesmo o consequente empate com o Trofense ficou manchado pelo apito. É certo que o Benfica poderia ter feito mais. Mas alguém se recorda que Paulinho estava em fora-de-jogo no lance em que cabeceou para o segundo golo da formação nortenha?
E assim chegámos ao final de mais uma época não sem antes, em Braga, o Benfica voltar a ser prejudicado. A vitória benfiquista não tolda a memória acerca da entrada por trás de Luís Aguiar a Katsouranis. Uma agressão que Artur Soares Dias não viu. O mesmo árbitro que logo depois expulsou Yebda de forma incorrecta.
Faça-se as contas. O Benfica viu ser-lhe subtraída a módica quantia de 16 pontos devido a crassos erros de arbitragem.
Estórias de um “tretacampeonato”...
in slbenfica.pt
quinta-feira, maio 21, 2009
XXXI - Capeia da Casa do Concelho do Sabugal – 6 de Junho 2009
Campo Pequeno acolhe Sabugalenses
Definida desde 26 de Setembro do ano passado, aí está a grande manifestação, característica da raia Sabugalense, como todos bem sabem.
Com este acontecimento há sempre novos motivos para relatar ou historias para divulgar, mas o que nos une, verdadeiramente, é um desejo de reencontro e convívio, para além da adrenalina das “esperas” dos touros ao Forcão, bem como a emoção de estar a escassos metros, desafiando o perigo, frente a animais possantes e voluntariosos, que não desistem de marrar ao Forcão, nem de tentar apanhar algum mais afoito, ou menos prevenido.
Se no ano passado, a novidade dominava os espíritos, pese embora a mensagem, talvez não tenha passado completamente, este ano já não haverá grande desculpa, pois o evento foi decidido e noticiado com bastante tempo de antecedência, esperando que chegue a todos os cantos, por onde pululam sabugalenses.
A Direcção da Casa tudo tem feito e continuará a fazer, para que o maior número de pessoas sejam informadas sobre a Capeia, através de contactos directos, da imprensa regional, dos sites na Internet e outros meios que tem vindo a desenvolver, afim de que possa abranger o maior número de aficionados das nossas tradições.
A avaliar pelo que temos constatado nos últimos tempos, reina grande entusiasmo com esta Capeia, esperando-se uma boa participação de Sabugalenses, tanto da zona da grande Lisboa, como do Concelho, cuja vinda é uma certeza, bem como mais uns quantos, que já não dispensam este evento, seja aqui, ou lá em cima, na raia.
É a Capeia anual, sendo também muito forte o desejo de visitar e desfrutar o Campo Pequeno, ou não fosse a principal Praça do País, funcionando como um íman, atraindo a curiosidade de miúdos, graúdos, novos, menos novos e todos os que gostam da nossa tradição, que sempre aparecem por estas alturas.
À semelhança de todas as Capeias, esperamos um dia em grande para os Sabugalenses, em pleno coração de Lisboa, onde um Concelho do interior se prepara para causar algum furor, assim o esperamos, pelo menos entre nós, já que mais não seja, sentindo orgulho das nossas origens, organizando, pela 31.ª vez, um espectáculo único no Mundo, oriundo da nossa zona.
A Casa do Concelho do Sabugal conta com o apoio de todos e todos não seremos demais para prestigiar e engrandecer o nosso Concelho, por mais um pouco que seja, que será sempre bem-vindo.
No próximo escrito divulgaremos mais alguns pormenores e outras informações sobre este acontecimento, que é a Capeia Arraiana do Concelho de Sabugal em Lisboa
Por: Esteves Carreirinha
Texto retirado da jornal Cinco Quinas (edição online)
quarta-feira, maio 20, 2009
Hino ao "treta".
O Tetra ladrão,
Só é campeão,
Graças à corrupção.
Todo ele é fruta,
E chocolatinho,
O Polvo ataca,
Em todo o joguinho.
Seja no Dragão ou por Portugal,
Até na sua ausência,
Todo o roubo é normal,
Lá vai o Dragão,
O dragão às riscas,
Amigo do chorão,
E de todas as lagartixas.
Nada os para,
Pois é um país de chachada,
É furto atrás de roubo,
Nas derrotas dão porrada.
Lá vai o Tetra,
O Tetra ladrão,
Só é campeão,
Graças à corrupção.
É árbitros atrás de árbitros,
Putas atrás de putas,
Até com as escutas,
A justiça os desculpa.
Com o Peidolas senil,
Os roubos são aos mil,
Seja no relvado ou no Pavilhão,
São o campeão da corrupção
Foi cuidadosamente rapinado daqui
Será mesmo assim????
Nenhum politico fala nisto... porquê?????????
Porque se a maioria da votação for de votos em branco eles são obrigados a anular as eleições e fazer novas, mas com outras pessoas diferentes nas listas.
Imaginem só a bronca.......:::::)))))))))
A legislação eleitoral tem esta opção para correr com quem não nos agrada, mas ninguém fala disso.
Não risquem os votos, porque serão anulados e não contam para nada.
VOTEM EM BRANCO......!!!!!!!!!!!!!!
A maioria de votos em BRANCO anula as eleições..... e demonstra que não queremos ESTES políticos!!!
Espalhem para se obter a maioria.
domingo, maio 17, 2009
O Artur Soares Dias? ... saiu ao pai!!!
A chama imensa: Jesus, o Papa e os anjinhos
«O que há num nome?», perguntou Shakespeare, que não sabia nada de futebol. Ou talvez soubesse: na quarta cena do primeiro acto do Rei Lear, Kent pretende desmerecer Oswald, e resolve insultá-lo chamando-lhe «jogador de futebol». No tempo de Shakespeare, o futebol era um jogo violento, quase animalesco, bem diferente do que conhecemos hoje, com a excepção do que é praticado por Bruno Alves. Mas quando Julieta argumenta contra a importância dos nomes, dizendo que aquilo a que chamamos rosa exalaria um perfume igualmente doce se tivesse outra designação qualquer, faz-nos pensar. E se o próximo treinador do Benfica se chamasse Jesus? Seria isso suficiente para que o Glorioso fizesse frente ao Papa? Será redundante apontar um Jesus para dirigir uma equipa que, tantas vezes, perece composta por anjinhos? O Jesus original conseguiu multiplicar os pães, mas o Papa opera um milagre mais eficaz, que é o da multiplicação da fruta. Jesus tinha uma equipa de 12 discípulos, mas a equipa do Papa costuma jogar com 14. Poderá este novo Jesus fazer algum milagre? Confesso que não sei. Haja fé.
Quando, há umas semanas, falei aqui do, digamos, jornalista António Tavares-Teles, alguns leitores manifestaram surpresa: não sabiam, ou já não se lembravam, da célebre escuta em que o, digamos, jornalista Tavares-Teles foi apanhado a combinar a publicação de um texto falso com Pinto da Costa, e menos ainda se recordavam da deliberação do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, segundo o qual o, digamos, jornalista Tavares-Teles havia infringido objectivamente o artigo n.º 1 do Código Deontológico dos Jornalistas, logo aquele que obriga a «relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade». São esquecimentos naturais: em Portugal, a tarefa de recordar todos os que mandam a honestidade às malvas requer um esforço de memória hercúleo, e os pequeninos são os primeiros a serem esquecidos. Recuperar este tipo de episódio constitui, por isso, serviço público. Assim sendo, prossigamos.
Desta vez, gostaria de recordar um texto memorável que o, digamos, jornalista Tavares-Teles escreveu (ou alguém por ele, nunca se sabe) no jornal O Jogo, em Julho de 2007. Começava com uma consideração interessante: «Ana Salgado pôs em causa — sem na SIC o nomear, é verdade, mas isso porque a pessoa que a entrevistou não lhe pôs algumas perguntas que devia ter-lhe posto — um membro da equipa de Maria José Morgado, no que diz respeito à actuação de Carolina na tentativa de acusação a Pinto da Costa. «O leitor vê o mesmo que eu? Por um lado, a fé nas declarações de Ana Salgado, que os portistas só renegaram desde que a senhora, antes pura e agora pérfida, veio acusar Pinto da Costa de lhe ter oferecido envelopes mensais com 5.000 euros para mentir a seu favor em tribunal. Por outro, a censura ao profissional que não lhe pôs algumas perguntas que devia ter-lhe posto". O, digamos, jornalista Tavares-Teles esquece-se de que nem todos os jornalistas são assessorados por gente esclarecida que lhes diz o que devem escrever e perguntar. Não é elegante exigir aos colegas que tenham a mesma sorte que ele.
A seguir, o, digamos, jornalista Tavares-Teles (ou alguém por ele) deixa uma interrogação: «em que é que o depoimento de Carolina Salgado vale mais (ou menos) do que o de Ana Salgado?» Hoje sabemos que, de facto, o depoimento de Ana Salgado valia mais. Há quem diga, aliás, que valia 5.000 euros por mês.
quinta-feira, maio 14, 2009
"14 de maio de 1994"
Faz hoje 15 anos desde a última vez que o Benfica foi aterrador, empolgante e sublime.
Faz hoje 15 anos que João Vieira Pinto fez a exibição da vida dele (nota 10 atribuída pelo jornal ABola).
Simulacro!
"Este domingo terá lugar em Lisboa um simulacro da vitória do Benfica no principal campeonato de futebol português. A exemplo do que acontece com os simulacros de grandes acidentes naturais, coordenados pela Protecção Civil, o Benfica pretende preparar os seus adeptos e a cidade para a eventualidade de voltar a ganhar o campeonato nacional de futebol. Este evento, onde são esperadas mais pessoas do que na última vitória do Benfica na volta a Portugal em bicicleta, obrigará ao encerramento de várias ruas em Lisboa como a 2ª circular, Av. Lusíada, Av. Liberdade e claro Marquês de Pombal. O novo Hospital da Luz também vai ser palco do simulacro com maior incidência na área de cardiologia e tratamentos de excessos de álcool. O director de comunicação do Benfica, João Gabriel, explicou ao IVA : “este simulacro é muito importante para que os nossos adeptos não percam o hábito de festejar o título e para testarmos que tudo funcionará em caso de eventual futura vitória. Todo o evento será coberto pela Benfica TV mas apenas com a imagem do José Carlos Soares a relatar os acontecimentos. A saúde do nosso presidente também exige que o vamos preparando com estes simulacros.”
Contra a corrente: O Braga-Benfica vai ser o jogo do ano (mas do próximo ano)
Se Quique ganhar a Jesus, logo muitos benfiquistas torcerão o nariz ao treinador português. Ah, mas se o Sp. Braga ganhar ao Benfica, este Jesus arrisca-se a conseguir convencer os cépticos e até os ateus
O Sporting de Braga-Benfica do próximo domingo é o jogo do ano para o Benfica. Mas de qual ano? — perguntarão, certamente, os leitores mais picuinhas. E é essa mesma a questão que deve ser colocada. Tratando-se de um encontro da penúltima jornada de um campeonato há muito perdido, o deste ano, a que propósito é que a deslocação do Benfica a Braga assume uma importância capital para os benfiquistas a ponto de poder ser considerado o jogo do ano?
Do próximo ano, evidentemente. Convém esclarecer porquê.
Trata-se do treinador. Do próximo treinador.
Um treinador tem muita importância no desempenho de uma equipa de futebol. Há quem defenda que o Benfica precisa de um treinador que se enquadre num projecto longo prazo e que convença os sócios e adeptos de que será necessário dar tempo ao florescimento de uma estrutura vencedora e há quem defenda que um bom treinador para o Benfica seria aquele que ganhasse um campeonato assim que chegasse ao Estádio da Luz.
A solução do treinador para o projecto a longo prazo nunca vingou porque nunca foi experimentada e nunca o será. A solução do treinador que chegasse, visse e vencesse vingou brilhantemente na época de 2004/2005 com Giovanni Trapattoni, cujo único longo prazo que se lhe reconhece é o da sua própria idade e, sobretudo, o da sua imensa sabedoria.
À míngua de vitórias, esta questão do projecto a longo prazo como condição sem a qual não conseguirá triunfar nenhum treinador do Benfica transformou-se num utensílio de argumentação sempre disponível por esta altura da época quando, feitas as contas todas, se verifica que nos últimos 15 anos o Benfica ganhou apenas um campeonato. E graças a um treinador de curto prazo.
Ouvir discutir o Benfica em termos da necessidade de dar tempo a um projecto ganhador a longo prazo é um contra-senso. É coisa de amnésicos. O único projecto ganhador a longo prazo que faz sentido discutir no Benfica é o próprio Benfica, fundado em 1904 — e longo vai o prazo mais do que centenário — com pressupostos tão bem estipulados pelos seus fundadores que o projecto vingou por décadas e décadas, exportou-se como modelo nacional e internacionalmente, dispensando qualquer importação de tecnologia alheia a si mesmo.
Está mal, portanto, o Benfica quando se esquece de si próprio, da sua história, e se oferece às circunstâncias permitindo que lhe discutam a questão do treinador em termos de «tem projecto a longo prazo» ou «não tem projecto a longo prazo».
É por tudo isto que o Sporting de Braga-Benfica do próximo domingo é o jogo do ano para o Benfica. Em antecipação por causa do treinador do próximo ano, assunto que já está em premente discussão.
Frente a frente vão estar Quique Flores, o treinador que aparentemente está de saída, e Jorge Jesus, o treinador português que aparentemente está em primeiro lugar na lista dos possíveis substitutos do infeliz espanhol. Jesus e o Braga estão em alta depois de um campeonato que superou as expectativas e até de uma presença mais do que meritória na Taça UEFA, bem no oposto do que foi o Benfica de Quique Flores na mesma competição europeia e que se resume numa palavra: lastimável.
De acordo com alguns inquéritos de opinião, os sócios e adeptos do Benfica não só não rejeitam o nome de Jorge Jesus como também evidenciam uma confiança expressiva no bom sucesso da sua contratação.
Conheço benfiquistas que assistiram, na segunda-feira, à transmissão televisiva do jogo Belenenses-Sporting de Braga e que, por antecipação, vibraram com a goleada imposta pela equipa de Jesus como se estivessem a ver o Benfica a jogar e a marcar golos atrás de golos.
— Este tipo percebe de bola.
— Vê-se logo que é um treinador que tem a equipa na mão.
— Este tipo até tem muito boa figura.
— Isto sim, é que é futebol de ataque.
— Dá gosto ver jogar o Braga.
— O César Peixoto é muito melhor do que o Aimar.
— Olha-me só o que eles correm.
— Lá vai o Belenenses para a segunda divisão.
— Não vai nada, o último jogo deles é fácil.
— Contra quem é?
— É contra nós, no Estádio da Luz.
— Ah, pois, já não me lembrava.
— Temos um calendário tramado até ao fim do campeonato.
— O Braga a querer o terceiro lugar e o Belenenses a não querer descer...
— Duas grandes complicações!
De um modo geral, é este o estado de espírito dos benfiquistas por muito que custe a acreditar, entre outras coisas, que o célebre e temido inferno da Luz se tenha transformado num inferno para os donos da casa e não para os visitantes como era noutros tempos.
Mas se, quando se trata de futebol, as opiniões são volúveis, quando se trata do Benfica as opiniões são voláteis.
Daí que a fé em Jesus tenha o seu grande teste marcado para o próximo domingo. Se o Benfica de Quique Flores ganhar ao Braga de Jorge Jesus, logo começarão muitos benfiquistas a torcer o nariz, desconfiados sobre as reais capacidades do treinador português. Ah, mas se o Sporting de Braga ganhar ao Benfica, este Jesus arrisca-se a conseguir convencer os cépticos e até os ateus.
E é nisto que estamos.
E é por isto que, sendo o Benfica um clube que gosta de prolongar discussões até que já ninguém se lembre do que se estava a discutir, o resultado mais previsível para domingo seja um empate.
segunda-feira, maio 11, 2009
A chama imensa: Portugal lava mais branco
O Benfica não foi feito para lutar pelo terceiro lugar. A BOLA não me paga para escrever evidências (na verdade, paga-me para escrever parvoíces, e eu levo muito a sério os meus contratos), mas pelos vistos tem de ser. Nós não fomos feitos para andar a fazer contas aos resultados do Nacional da Madeira. Por isso, como é evidente, não encontro especial consolo nas declarações de Quique Flores, segundo o qual foram atingidos certos objectivos invisíveis. Na qualidade de benfiquista que não é dotado de visão de raio x, devo dizer que prefiro os objectivos que se podem ver, sobretudo os que têm forma de taça.
Eu sou pela estabilidade, mas não para o treinador. Para o director desportivo, sim: espero que Rui Costa tenha estabilidade para trabalhar muitos anos. De preferência com um treinador que perceba mesmo de futebol. Acho que era giro e inovador. Se tiver de ser um espanhol, o Ernesto Valverde está disponível.
Bruno Carvalho é, até agora, o único candidato à presidência do Benfica. Confesso que gosto de candidatos à presidência do Benfica. Não conheço cargo mais importante, e simpatizo com todos os que acreditam ter capacidade para o desempenhar — e mesmo com os que além disso acreditam que são Napoleão Bonaparte, como Guerra Madaleno. Mas acho um mau sinal que o mandatário da candidatura de Bruno Carvalho seja Petit. O Petit era um jogador à Benfica, e o que fez em campo pelo Glorioso só merece admiração. O problema é que o Petit é do Boavista. No dia 14 de Setembro de 2008, Petit confessou à imprensa que gostaria de voltar para o Boavista «como jogador, como director ou noutra qualquer função.» Volto a citar o Petit: «Quero levantar-me cedo da cama para fazer o que mais gosto e ajudar o clube do meu coração.» Nada disto é censurável: o Petit tem todo o direito a amar o clube que o formou. Mas o mandatário dos candidatos a presidente do Benfica não devia ser um benfiquista?
Pinto da Costa revelou esta semana o segredo do seu sucesso: o Porto é campeão porque ele escolhe os melhores. Os melhores quê?, pergunta o leitor. Pinto da Costa não disse. Mas quem, como nós, tem acompanhado a carreira do presidente do Porto, pode conjecturar. Os melhores lotes de café, talvez, para receber os árbitros em casa com a dignidade que eles merecem. Ou os melhores lugares no avião, para que eles cheguem ao Brasil mais descansados. São hipóteses possíveis, mas em Portugal os limites do possível excedem em muito a fronteira do provável. Em Portugal, é possível um dirigente estar a cumprir pena de suspensão por tentativa de corrupção activa e, simultaneamente, ser apontado pela comunicação social como um modelo irrepreensível de dirigismo competente. É um país em que nada mancha. Portugal lava mais branco que o OMO.
Há tempos dei por mim a pensar que o Brasil é o único país da América do Sul que pode ambicionar ser campeão da Europa: com a quantidade de brasileiros naturalizados nas selecções europeias, em breve haverá uma equipa exclusivamente composta por brasileiro a vencer o Campeonato da Europa. Portugal detém um recorde parecido: é o único país da América Latina que fica no continente europeu.